Traçando o futuro

SAÚDE E PROTEÇÃO SOCIAL

A assistência às pessoas atingidas foi iniciada imediatamente após o rompimento da barragem de Fundão, tendo como premissa a garantia dos direitos humanos básicos – acesso aos primeiros socorros, apoio e atendimento psicológico aos familiares das vítimas e de pessoas desaparecidas, acesso à informação, à água potável, à moradia e à alimentação adequada.

Passado o período emergencial, os esforços das áreas de Saúde e de Proteção Social foram concentrados no apoio às políticas públicas dos municípios.

Atualmente, cerca de 70 profissionais, entre médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, atuam em Mariana e Barra Longa (MG) com apoio da Fundação Renova.

Também estão em andamento ações como estruturação de núcleos de atenção psicossocial, construção de Unidade Básica de Saúde (UBS) nos reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo e reforço das equipes médicas de atendimento e de Vigilância em Saúde

Relatório de Consolidação de Avaliação de Riscos à Saúde Humana

Em 2019, a Fundação Renova divulgou o Relatório de Consolidação de Avaliação de Riscos à Saúde Humana (ARSH), realizado a partir de amostras coletadas em áreas rurais de Mariana e Barra Longa. O relatório apontou que:

– os metais decorrentes do rompimento da barragem de Fundão não representam risco toxicológico à saúde humana;

– não é necessário limitar as atividades agropecuárias ou consumo de água (desde que tratada);

– não é preciso remover os moradores da região.

A Fundação Renova está firmando parcerias com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) para realização de novos estudos complementares, que lançarão editais públicos e selecionarão as melhores propostas nos temas de Saúde Mental, Toxicologia, Epidemiologia Descritiva e Saúde do Trabalhador

Cerca de 70 profissionais de saúde atuam em Mariana e Barra Longa (MG) com apoio da Fundação Renova

As iniciativas de Proteção Social desenvolvidas pela Fundação Renova têm como um dos objetivos o apoio e fortalecimento da Política Pública de Assistência Social. Nesse sentido, a Fundação oferece oficinas de educação financeira para profissionais da Assistência Social e da Educação em Minas Gerais, em parceria com Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil).

No Espírito Santo, as oficinas de educação financeira são oferecidas em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI-ES). Em Mariana (MG), além da capacitação para os profissionais, foram disponibilizados recursos humanos, equipamentos, veículos e brinquedotecas. Em Barra Longa, são oferecidas capacitações para os profissionais e disponibilizados recursos humanos.

Para os outros municípios do território estão sendo finalizados planos de trabalho e termos de parceria para ações de apoio à política pública de assistência social.

EDUCAÇÃO

A efetividade da reparação passa por iniciativas de educação e protagonismo social.

As ações partem do conceito de Educação para Revitalização, que conecta diferentes visões de futuro, com a formação de lideranças jovens, educadores, fortalecimento das redes e de comunidades de práticas.

O Programa de Educação para Revitalização da Bacia do Rio Doce tem o objetivo de engajar comunidades na construção de soluções para a melhoria da qualidade socioambiental dos territórios atingidos, por meio de articulação, mobilização, formação e engajamento das pessoas. Os projetos partem das realidades territoriais para o engajamento de comunidades para revitalização das áreas atingidas, tendo por diretriz a Política Nacional de Educação Ambiental, e serão implementados nos 39 municípios atingidos.

A formação de lideranças jovens está na linha de frente das estratégias da Fundação Renova para educação. O objetivo é reconhecer os jovens como atores fundamentais no processo de reparação da Bacia do Rio Doce, por meio de processos educativos e de desenvolvimento socioambiental.

FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS JOVENS

Frente

Fortalecimento de Redes e de Políticas Públicas

 

 

Formação de Educadores e Escolas Experimentais

Até 2028

135 instituições mobilizadas
135 projetos implementados
135 coletivos educadores criados

 

7.380 educadores formados
1.388 projetos de escolas
experimentais apoiados

O FUTURO DO RIO DOCE SOMOS NÓS

Formar lideranças jovens, capazes de pensar o futuro da bacia do rio Doce por meio de iniciativas nas áreas de desenvolvimento sustentável, inovação e preservação e resgate cultural das comunidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão por meio da educação.

Esse é o objetivo do projeto O Futuro do Rio Doce Somos Nós, lançado pela Fundação Renova no início de 2018 em parceria com o Instituto Elos.

O primeiro ciclo do projeto, iniciado em 2018, teve 90 jovens, de 22 municípios, selecionados para participar de processos de formação educacional e de liderança. Foram 760 inscritos no total. Após um ano de trabalho, os participantes aprenderam a desenvolver projetos e iniciativas ambientais, culturais e educacionais. Hoje, 23 projetos estão sendo implementados.

Em Santa Cruz do Escalvado (MG), por exemplo, um grupo de jovens usa a música para aproximar famílias da zona rural. Em Mariana (MG), desde março de 2019, rodas de conversa estimulam o protagonismo da juventude negra. Em Aimorés (MG), áreas de recarga de nascentes estão sendo recuperadas com a ação da juventude local.

Em Baixo Guandu (ES), Camila Miranda, de 27 anos, formada em Tecnologia em Saneamento Ambiental e graduanda em Agronomia, apresentou um projeto que propõe monitorar a instalação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) prevista no município (leia entrevista mais abaixo).

O projeto entra, em 2020, no seu segundo ciclo. Serão selecionados 150 jovens, de 24 municípios. O processo seletivo está em preparação, assim como o mapeamento dos perfis dos jovens de 15 a 29 anos desses municípios.

  90 jovens participaram da formação
  23 projetos protagonizados pelos jovens em suas comunidades
3 perguntas para Camila Miranda

O que motivou você a se engajar no projeto “O Futuro do Rio Doce Somos Nós”?

Eu já era formada em Saneamento Ambiental quando lançaram o edital do projeto. Como sou de Baixo Guandu, pensei que, se fosse escolhida, iria fazer um projeto para Estação de Tratamento de Esgoto de Baixo Guandu, uma obra que estava parada. Fiz o treinamento com o Instituto Elos para aprender a lidar com a comunidade. E foi muito mais do que eu esperava. Eu consegui envolver o sentimento.

Como é seu projeto para Baixo Guandu?

Queria uma estação de tratamento em Baixo Guandu. Quando percebi que estava com os pés muito fora do chão, por querer
fazer uma obra acontecer, eu entendi que o que eu poderia fazer era um acompanhamento como população. Não queria representar nenhuma instituição, eu queria ser população, investigando o que eles iriam fazer. Se a prefeitura tinha projeto, como estava o recurso da Fundação Renova. Além disso, resolvi fazer um trabalho de conscientização com a população. E eu também consegui fazer um fórum de saneamento. Foi o primeiro fórum de saneamento que teve em Baixo Guandu. Consegui levar poder público, população e Fundação Renova. Eu tinha muito interesse nesse encontro, para que todos pudessem saber o que a prefeitura está fazendo e o que a Renova vai fazer.

O que você esperava com essa iniciativa?

Que a obra despertasse o interesse da população. Esse interesse, essa vontade de estar envolvido e saber que nossa cidade tem esse dinheiro e pode ter essa obra. Eu tive muito apoio de todos. Mais do que um projeto, isso é um propósito que eu tenho para a minha vida. De trabalhar com saneamento, meio ambiente e recurso hídrico. Eu acho que Baixo Guandu merece melhorar a qualidade de nossa água. É nesse caminho que quero continuar.

Veja como foi o primeiro ciclo do projeto

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